- setembro 21, 2021
- Posted by: Rafael Kosoniscs
- Category: Diversidade
A Confederação Nacional de Comércio de Bens, Serviços e Turismo (CNC), através do Ecos – Programa de Sustentabilidade e da Comissão de Negociação Coletiva do Comércio (CNCC), realizou, no dia 16 de setembro, o webinário Diversidade na Prática, com a participação do programa Coexistir, do Sincovaga-SP.
Mediado pela analista responsável pelo Ecos na CNC, Fernanda Ramos, o encontro teve a participação da chefe da Divisão Sindical da entidade, Patricia Duque; da advogada da Confederação, Luciana Diniz; do presidente do Sindicato do Comércio Varejista de Gêneros Alimentícios do Estado de São Paulo (Sincovaga-SP), Alvaro Furtado; e da coordenadora do Programa Coexistir do Sincovaga-SP, Maria de Fátima e Silva.
Segundo Patrícia Duque, a CNC está atenta a essa demanda da sociedade e já deu um passo importantíssimo no debate sobre a diversidade nas empresas. “A CNC instituiu a CNCC, que busca difundir as boas práticas coletivas das negociações. Nesse contexto, a entidade realizou em maio um workshop trazendo um modelo de cláusula de diversidade para ser usado nas negociações coletivas, e, em paralelo, abordamos o assunto do ponto de vista legal.”
Para Álvaro Furtado, a inclusão das pessoas na sociedade é fundamental, e o papel do Programa Coexistir ajuda muito nesse processo. “O Sincovaga-SP vem, desde 2003, buscando incluir o debate sobre a diversidade. Desde que foi criada a Lei de Cotas, há 20 anos, nós vimos a necessidade de uma resposta a problemas recorrentes, caso da obrigatoriedade da inclusão de pessoas com deficiência, para empresas com mais de 100 funcionários.”
O programa foi criado a partir de um Grupo de Trabalho (GT), e foi possível debater outras demandas dentro da diversidade e inclusão da Pessoa com Deficiência (PCD), que ocorriam e precisavam de um olhar mais atento e próximo, como a inserção de pessoas trans e refugiados no mercado de trabalho.
“Nós conseguimos, através do tripartismo, fazer uma parceria entre sindicato dos empresários, sindicato dos trabalhadores e autoridades do antigo Ministério do Trabalho, criando um pacto que permitiu que as empresas tivessem um pouco mais de tempo para se adequar à meta exigida, que é 100% de sua cota. Foi assim que o Programa Coexistir nasceu, com objetivo de proporcionar às empresas a oportunidade de participarem da inclusão social, não só para cumprir a Lei de Cotas, mas para fazer a diversidade se tornar parte efetivamente de suas vidas”, disse.
Maria de Fatima explicou que a ideia do Programa Coexistir se deu através da demanda das empresas para o sindicato, devido às dificuldades em cumprir a Lei de Cotas estabelecida pelo governo em um prazo curto. Hoje, o Coexistir vai muito além, entregando serviços de consultoria para a criação de projetos por meio de diversos parceiros. “Em 2013, assinamos um pacto coletivo e começamos a trabalhar. Criamos um plano de ação, identificamos os desafios e começamos a agir”, disse ela, ressaltando também que o Programa Coexistir tem fundamentalmente como objetivo trabalhar em rede, com o governo, as empresas e os sindicatos.
Existe uma série de razões para que o tema da diversidade tenha ganhado destaque no ambiente empresarial. Desde a pressão da sociedade, o crescimento das denúncias em redes sociais, a atuação da Justiça e a percepção de que empresas mais diversas são mais justas, respeitadas, inovadoras e lucrativas.
“Na verdade, sempre vamos aprender com o outro, apesar de termos nossas próprias referências. Um desafio para os PcD é o olhar dos gestores, pois muitos pensam: ‘Vou contratar alguém com deficiência que talvez não consiga me entregar o mesmo que uma pessoa sem deficiência.’ Entretanto, com o dia a dia, percebemos que é possível entregar, só que de uma forma diferente, o que transforma nosso olhar”, diz a especialista.
Pandemia
A pandemia está contribuindo para o avanço dessa agenda de diversidade de inclusão nas empresas? Segundo Maria de Fátima, a busca de soluções, como ouvir do outro aquilo que ele precisa, foi muito rápido. O segmento do varejo de alimentos foi impactado, porque não pôde parar e buscou soluções com a vida acontecendo, ou seja, uma agenda muito difícil.
“No caso do cumprimento de cotas, vimos pessoas tirando seus parentes de oportunidades de trabalho, por medo da pandemia. Vamos levar um tempo ainda para perceber como a pandemia influiu na nossa vida e na saúde mental. Talvez o maior ganho é termos percebido que temos de ser criativos e encontrar soluções juntos”, completou.
A advogada da Divisão Sindical da CNC, Luciana Diniz, reforça que o programa Coexistir é inspirador para os outros sindicatos patronais. “Mais do que nunca, o sindicato deve atuar de forma proativa, promovendo ações em prol das classes dos empregadores e reforçando sua atuação na defesa dos interesses de sua base”, afirma Luciana. Observando ainda que, em contrapartida, as empresas devem dar mais espaço para fortalecimentos dessas relações, assim como incluir temas da diversidade em práticas internas. “E isso deve ser valorizado”, completa a advogada.