- novembro 27, 2020
- Postado por: Rafael Kosoniscs
- Category: Acessibilidade
Beto Pereira, presidente da ONCB. Foto: reprodução/Youtube
Relato do presidente da ONCB, Beto Pereira, demonstra negligência do setor bancário para ampliar os recursos de acessibilidade em máquinas de cartão de crédito.
Por Fátima El Kadri
Na luta por autonomia, as pessoas com deficiência já tiveram inúmeras conquistas, mas, quando dizemos que ainda há um longo caminho pela frente, não é exagero. A situação relatada a seguir é um bom exemplo do quanto ainda falta para se ter uma sociedade mais acessível e inclusiva.
Há muitas pessoas cegas são ou com baixa visão que são economicamente ativas e, portanto, precisam pagar contas, como qualquer outro cidadão. Esta deveria ser uma tarefa simples — especialmente por conta das tecnologias e recursos de acessibilidade que temos hoje —, mas, por incrível que pareça, essa parcela da população — que abrange em torno de 7 milhões de pessoas no Brasil — ainda é impedida de fazer suas transações bancárias com o mínimo de autonomia, devido ao fato de os sistemas atuais, que foram substituídos por máquinas touchscreen, não serem adequados.
O presidente da ONCB (Organização Nacional de Cegos do Brasil), Beto Pereira, publicou no site da entidade uma denúncia sobre a falta de acessibilidade nas máquinas digitais dos bancos.
“Esses novos modelos, com telas touchscreen, apresentam design falho e restritivo, que priva as pessoas com deficiência visual de utilizarem o tato, um de seus sentidos mais importantes”, afirma Beto.
Essa falha de design obviamente gera constrangimentos aos cegos, que não conseguem digitar a sua senha bancária e são obrigados a revelar seus dados a estranhos, o que, além de tirar totalmente sua autonomia, acaba expondo os usuários a uma situação de enorme insegurança.
Beto Pereira conta que, desde que recebeu as primeiras denúncias relacionadas à falta de acessibilidade das máquinas, em 2015, a ONCB tem promovido diversas ações, informando e solicitando providências do Conade (Conselho Nacional da Pessoa com Deficiência) e também da Secretaria Nacional dos Direitos da Pessoa com Deficiência e participando de reuniões junto aos fabricantes das máquinas para buscar soluções. Foi feita até uma denúncia no Ministério Público, sem resultados.
“Durante cerca de dois anos, a ONCB também promoveu um diálogo propositivo, amplo e constante com a Abecs (Associação Brasileira das Empresas de Cartões de Crédito e Serviços), que representa 95% dos principais emissores, bandeiras, credenciadoras e processadoras de cartões de crédito, débito, de loja e de benefícios. Porém, em dado momento da construção, a associação deixou de dar retorno e de dialogar, optando por soluções isoladas que têm se mostrado ineficazes. A primeira é uma película tátil que quase nunca é encontrada e que se mostra insuficiente quanto à usabilidade. E a segunda é um aplicativo com erros de conceito e falhas, inclusive na leitura do valor informado à pessoa cega”, afirma Pereira.
Confira o texto na íntegra clicando aqui.